Da importância do voto
De fato, nossa sociedade é uma merda, nosso processo eleitoral é uma merda e - o pior - a educação do nosso povo é uma merda. A gente somos inútil, como brilhantemente sintetizou Roger. Mas, por outro lado, já disse Winston Churchill (1874-1965), o primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial: "a democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas".
E, democraticamente, tivemos que votar. De um lado, Paes; de outro, Gabeira. O primeiro é (no momento em que escrevo...) do PMDB, o partido especializado em ser eternamente governo e lotear o Estado. O segundo é do PV, que sempre merece elogios, principalmente em tempos de preocupação com o desenvolvimento sustentável. Mas, de maneira constrangedora, em coligação com o PSDB, o partido que fez o Brasil abraçar o (agora morto?) neoliberalismo.
Comparando os dois candidatos, suas histórias políticas, suas propostas, suas maneiras de conduzir a campanha e as formas escolhidas para tratar o eleitor, eu não tive dúvidas: escolhi Gabeira, mesmo com o PSDB de "bônus".
Mas não deu. Nem todos quiseram escolher. A esquerda "verdadeira", como o PCdoB, o PSOL e o PSTU, decidiu anular o voto. O que isto significa? Que tanto faz: os dois são a mesma coisa. E os servidores públicos decidiram viajar em seu feriadão. A diferença mínima entre as quantidades de votos recebidos pelos dois candidatos me faz pensar que o resultado seria outro se estes dois grupos pensassem diferente. Fico um pouco triste com isso. Mas o que importa é isso faz parte das regras. Talvez seja uma lição para quem anulou seu voto. Para reflexão, eu deixo um curto texto publicado hoje pelo jornalista Juliano Machado.
Nem bem acabou a eleição e o futuro prefeito do Rio, Eduardo Paes, começou a distribuir cargos, mostrando que sabe muito bem realizar a principal política de seu partido, o PMDB - a divisão de poder. Segundo reportagem de O Globo, a divisão de cargos na prefeitura tem características absurdas - cada um dos 13 partidos que apoiou a candidatura de Paes vai entregar uma lista de três nomes aos assessores do peemedebista e ele escolherá um deles para ser secretário. Essa forma simplória de escolher auxiliares - bem diferente dos critérios de competência, honestidade e capacidade, alardeados por Paes - foi apenas uma das promessas quebradas ontem pelo político. As outras foram na área da saúde - o primeiro secretário escolhido não foi o da pasta, e sim o da Casa Civil, Pedro Paulo (PSDB). A outra é sobre a localização das primeiras Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) da cidade - a promessa é de que ficariam na zona norte. Ontem, mudaram para a zona oeste.
E, democraticamente, tivemos que votar. De um lado, Paes; de outro, Gabeira. O primeiro é (no momento em que escrevo...) do PMDB, o partido especializado em ser eternamente governo e lotear o Estado. O segundo é do PV, que sempre merece elogios, principalmente em tempos de preocupação com o desenvolvimento sustentável. Mas, de maneira constrangedora, em coligação com o PSDB, o partido que fez o Brasil abraçar o (agora morto?) neoliberalismo.
Comparando os dois candidatos, suas histórias políticas, suas propostas, suas maneiras de conduzir a campanha e as formas escolhidas para tratar o eleitor, eu não tive dúvidas: escolhi Gabeira, mesmo com o PSDB de "bônus".
Mas não deu. Nem todos quiseram escolher. A esquerda "verdadeira", como o PCdoB, o PSOL e o PSTU, decidiu anular o voto. O que isto significa? Que tanto faz: os dois são a mesma coisa. E os servidores públicos decidiram viajar em seu feriadão. A diferença mínima entre as quantidades de votos recebidos pelos dois candidatos me faz pensar que o resultado seria outro se estes dois grupos pensassem diferente. Fico um pouco triste com isso. Mas o que importa é isso faz parte das regras. Talvez seja uma lição para quem anulou seu voto. Para reflexão, eu deixo um curto texto publicado hoje pelo jornalista Juliano Machado.
Nem bem acabou a eleição e o futuro prefeito do Rio, Eduardo Paes, começou a distribuir cargos, mostrando que sabe muito bem realizar a principal política de seu partido, o PMDB - a divisão de poder. Segundo reportagem de O Globo, a divisão de cargos na prefeitura tem características absurdas - cada um dos 13 partidos que apoiou a candidatura de Paes vai entregar uma lista de três nomes aos assessores do peemedebista e ele escolherá um deles para ser secretário. Essa forma simplória de escolher auxiliares - bem diferente dos critérios de competência, honestidade e capacidade, alardeados por Paes - foi apenas uma das promessas quebradas ontem pelo político. As outras foram na área da saúde - o primeiro secretário escolhido não foi o da pasta, e sim o da Casa Civil, Pedro Paulo (PSDB). A outra é sobre a localização das primeiras Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) da cidade - a promessa é de que ficariam na zona norte. Ontem, mudaram para a zona oeste.
publicado por Helio Furtado Costa por volta de 19:24
7 Comentários:
Votei na direita pela primeira vez, votei no Gabeira. O fiz para tentar evitar o pior, escolhi o mal menor. Esta foi a minha opção diante da falta de opções verdadeiras nas eleições burguesas.
Alguns segmentos da esquerda ( o centralizado PSTU , algumas tendências do PSOL e independentes ) optaram e fizeram campanha para o voto nulo. O discurso deles foi coerente com a prática desses grupos socialistas: No segundo turno, só existiram candidaturas dos dois grandes blocos burgueses dominantes – o governista (PT, PCdoB, PMDB, PP e PDT) e o da oposição de direita (PSDB, DEM e PPS). Além disso, às vezes penso que para os que acreditam na revolução, ter um governo capitalista que mostre toda sua tirania é favorável à insurreição popular.
Mesmo compartilhando na maioria das vezes das idéias dos grupos citados acima, tentei evitar que mais um politiqueiro do PMDB ganhasse uma eleição.
Agora, é observar a distribuição de cargos para pagar favores políticos, ver os funcionários públicos perdendo direitos, ver o PDE com sua lógica perversa sufocar os professores e as Parcerias público-privadas invadirem hospitais, escolas e tudo mais.
Que haja força pra lutar!
PS: Helio, ótimo texto. Só não vale chamar o PCdoB de esquerda "verdadeira". O PCdoB faz parte da base do governo Lula assim como o PMDB. É só lembrar da Jandira pedindo voto para o Paes.
ldj232120 sou eu, Liliane.
O discurso do carioca não condiz com suas ações. Digo isso por durante todo este período eleitoral que passou, pude observar (como todo ano) um espírito de insatisfação com o governo vigente e a sua forma de administrar. A grande diferença nesta eleição foi a dicotomia criada entre os dois últimos candidatos, de um lado “o administrador perfeito que sabe tudo do Rio”; do outro um “homem de vanguarda que se encaixaria perfeitamente como um administrador de uma cidade européia”. Para uma cidade que clamava por mudanças, eleger o filho (político, é claro!) do Cesar Maia com o Sérgio Cabral e afilhado do Picciani, é um contra-senso. Aliás, se tem um vencedor nestas eleições, esse vencedor é o PMDB que abocanhou mais de 1500 prefeituras em todo o país.
Correção: O PMDB venceu em 1202 cidades.
Oi querido,
Bom texto, gostei!!
O novo prefeito é rápido! O tempo de promessas não cupridas já começou, e pior, vem muito mais por aí!!
Pra quem preferiu viajar e a galera do voto nulo, mais 4 anos de insatisfação e reclamações! ....Infelizmente, pra nós também!!
Helio, concordo em parte com o texto. E, na verdade, fiquei surpresa por você achar que a minha opinião vai de encontro a sua. Acho que é porque ainda não conversamos, após as eleições.
Não me arrependo de ter votado nulo. Já disse e repito: é a mesma coisa (prova disso é que o primeiro nome anunciado pelo Paes é do PSDB, mas parece que há uma distorção terrível nisso aí, afinal, o PSDB, oposição séria, aceitou a boquinha no governo). Qualquer dia a gente senta pra conversar sobre isso. Rebato todos os seus argumentos pró-Gabeira. Eu só acho engraçado as pessoas cairem no discurso moralista de novo (se bem que esse é o discurso preferido da classe média). Quem garante que o Gabeira (que, obviamente, não governaria sozinho. Pelo contrário, teria Marcelo Alencar em seu cangote) não lotearia as secretarias e os cargos? Eu tô extremamente irritada com essa histeria da classe média. Agora eles vêm reclamar que a candidatura do Paes era ilegal? Por que não fizeram isso no primeiro turno. À merda!
Bom, precisamos nos encontrar pra conversar.
Beijão. E vai tomar no cu. =)
É fogo....
Lamentável mesmo!
Como estou temporariamente sem a visão total, quem sabe, com uma cegueira branca (rs rs), fica difícil tecer um longo comentário.
Mas bem, concordo com isso aí que vc escreveu! Já conversamos sobre isso ao vivo!
Beijocas!
Sempre sagaz....
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