sexta-feira, abril 11, 2008

Da criticidade e do seu preço

Dedicado ao João, que reclamou que isto aqui estava abandonado.

Parece-me que todos nós temos uma tendência a apreciar um ambiente estável e sem muitas mudanças. Isso é razoável, visto que há sempre dificuldade em se adaptar a novas condições. Essa tendência individual também pode ser observada na sociedade, que costuma reagir contra mudanças e críticas aos modelos estabelecidos.

Ocorre que alguns – e eu me incluo entre estes – têm uma tendência maior do que a maioria no sentido de questionar, avaliar e ter um comportamento diferente. É o que eu chamo de criticidade. Este comportamento crítico costuma incomodar ou até mesmo ofender os mais conservadores. Vejamos o exemplo do ateísmo: em outras épocas, o ateu poderia ser morto pela maioria crente que dominava os Estados. Hoje isso não mais ocorre, mas ainda há sanções sociais aplicadas ao ateu. Outros exemplos podem ser pensados. Há os que colocam o bom humor sobre os formalismos; estes são os indignos e os que devem ser desconsiderados aos olhos dos conservadores. Há os que se preocupam com o meio ambiente ou com os pobres e explorados. São os utópicos na análise conservadora e individualista. Se protestam, são baderneiros. No geral, o questionador é rotulado – no mínimo – como “do contra”.

Cada comportamento que encerra uma crítica, cada análise mais profunda, cada visão de mundo questionadora tem uma punição aplicada pela sociedade em contrapartida. Em alguns casos tal medida repressiva é meramente social e em outros chega a ser penal. É um preço a se pagar pela criticidade. Deve-se pensar quando vale a pena pagar este preço e quando não vale.

E você? Tem poucos ou muitos comportamentos críticos? E que preço está disposto a pagar por eles?