terça-feira, outubro 28, 2008

Da importância do voto

De fato, nossa sociedade é uma merda, nosso processo eleitoral é uma merda e - o pior - a educação do nosso povo é uma merda. A gente somos inútil, como brilhantemente sintetizou Roger. Mas, por outro lado, já disse Winston Churchill (1874-1965), o primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial: "a democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas".

E, democraticamente, tivemos que votar. De um lado, Paes; de outro, Gabeira. O primeiro é (no momento em que escrevo...) do PMDB, o partido especializado em ser eternamente governo e lotear o Estado. O segundo é do PV, que sempre merece elogios, principalmente em tempos de preocupação com o desenvolvimento sustentável. Mas, de maneira constrangedora, em coligação com o PSDB, o partido que fez o Brasil abraçar o (agora morto?) neoliberalismo.

Comparando os dois candidatos, suas histórias políticas, suas propostas, suas maneiras de conduzir a campanha e as formas escolhidas para tratar o eleitor, eu não tive dúvidas: escolhi Gabeira, mesmo com o PSDB de "bônus".

Mas não deu. Nem todos quiseram escolher. A esquerda "verdadeira", como o PCdoB, o PSOL e o PSTU, decidiu anular o voto. O que isto significa? Que tanto faz: os dois são a mesma coisa. E os servidores públicos decidiram viajar em seu feriadão. A diferença mínima entre as quantidades de votos recebidos pelos dois candidatos me faz pensar que o resultado seria outro se estes dois grupos pensassem diferente. Fico um pouco triste com isso. Mas o que importa é isso faz parte das regras. Talvez seja uma lição para quem anulou seu voto. Para reflexão, eu deixo um curto texto publicado hoje pelo jornalista Juliano Machado.

Nem bem acabou a eleição e o futuro prefeito do Rio, Eduardo Paes, começou a distribuir cargos, mostrando que sabe muito bem realizar a principal política de seu partido, o PMDB - a divisão de poder. Segundo reportagem de O Globo, a divisão de cargos na prefeitura tem características absurdas - cada um dos 13 partidos que apoiou a candidatura de Paes vai entregar uma lista de três nomes aos assessores do peemedebista e ele escolherá um deles para ser secretário. Essa forma simplória de escolher auxiliares - bem diferente dos critérios de competência, honestidade e capacidade, alardeados por Paes - foi apenas uma das promessas quebradas ontem pelo político. As outras foram na área da saúde - o primeiro secretário escolhido não foi o da pasta, e sim o da Casa Civil, Pedro Paulo (PSDB). A outra é sobre a localização das primeiras Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) da cidade - a promessa é de que ficariam na zona norte. Ontem, mudaram para a zona oeste.